Além do véu
Havia anos que não entrava naquela casa, desde o maldito acidente, ainda se sentia mal e enjoado só de pensar naquilo, olhou acima para a fachada do velho sobrado, permaneceu na calçada, teve certeza de que não reuniria coragem o suficiente para entrar, olhou de novo, na janela do primeiro andar, no lugar fatídico viu o que não podia e acima de tudo não queria acreditar, o sobrado vazio havia tantos anos agora ficava para trás e da janela ele podia vê-la a observar o outro lado, quase como se não soubesse que estava morta.
Veneno
Desceu para almoçar, como todos os dias, sua esposa esperava na mesa com a comida pronta e um sorriso na cara, não entendeu direito, até onde se lembrava, estavam brigados e ela aparentava um ódio mortal por ele, mas não a culpava por nada disso, afinal dormira com a secretária, disso tinha plena convicção, que ele pisou na bola e que se o casamento acabasse seria culpa sua, sentou na mesa, pegou um jornal jogado no canto, a notícia que viu era terrível, sua secretária havia morrido de maneira horrível, comeu um pedaço de bife, sentiu uma falta de ar, ficou tonto, olhou para sua esposa e ela gargalhava histericamente, morreu numa segunda-feira.
Beira-mar
Não sabia o motivo daquela ligação tarde da noite e menos ainda o pq de ela querer encontrar com ele na praia, foi mesmo assim, chegou e não viu ninguém, andou um pouco pela orla, observou os movimentos das ondas, de vez em quando escutava um latido meio ao longe, olhava para o relógio mas ela não aparecia, resolveu que ligaria para saber o que aconteceu, tirou o celular do bolso, escutou algo movendo areia atrás dele, virou-se. Seu corpo foi achado por entre as pedras sem uma única gota de sangue na manhã seguinte, foi a ultima vez que a viu.
Lar
Estava devastado, nunca tinha sido tão difícil fazer alguma coisa, até agora ainda não queria acreditar que a havia perdido, estava triste como nunca havia ficado, o amor de sua vida havia morrido. Chegou em casa, subiu para o quarto, já não pensava direito, adormeceu profundamente, abriu os olhos e na penumbra a viu, sonho maldito! Sentiu a seda fina sob os dedos, olhou para seu relógio que marcava 2 e meia da manhã, olhou de novo e não a viu, não estava sonhando, soube que ela apenas estava voltando pra casa.
Fome
Leitor resfolegante. É aquilo que crias com essas produções muito bem elaboradas e de finais só seus mesmo. A quebra de expectativa é uma especialidade sua que noto com prazer. O "Definhe" já me é clássico, que saibas disso.
ResponderExcluirContinue com mais e não tenhas medo de arriscar-se em outros gêneros, ok?
Eu