terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Dia 1

    A velha

Olhou pela janela e viu aquela figura taciturna com sua inconfudível corcunda parada na calçada. Impossível, ele tinha se certificado que ela não respirava mais quando saiu da casa limpando os rastros de sua estadia breve, olhou de novo mais de algum modo a figura sumiu, sentiu um frio na espinha, olhou pra trás, a ultima imagem que viu foi um riso maléfico na cara da velha e o brilho da faca cravada nas costelas.
Passadiço
Andava depressa, a noite estava fria, o chão de ladrilhos na rua úmido pela garoa insistente, ansiava por chegar em casa, estava sozinho em qualquer direção que olhasse, entrou na apertada passagem entre duas casas, atalho que sempre pegava para chegar mais rápido, sentiu uma fungada quente no pescoço, virou-se mas continuava sozinho, um vulto preto o envolveu e não deixou mais do que alguns ossos
Madeira podre
Odiava sair de casa de noite pra ir naquele maldito galpão velho e empoeirado, mas seu pai mandou e não podia desobedecer, entrou à procura da caixa de ferramentas que ele pedira pra consertar a torneira da casa, fazenda idiota, nada funcionava. Revirou uns entulhos procurando a caixa, escutou um arrastar no andar de cima, saiu de baixo do corredor para enxergar direito, mal percebeu quando os olhos vermelhos arrancaram seu coração
Maldição
Sentia-se fraco, não aguentava mais nem o dia de trabalho, achou que fosse por causa do stress, tirou até a semana de folga por isso, mas quando estava em casa continuava piorando, nenhum dos médicos tinha a resposta, nem o especialista de fora sabia o que estava acontecendo, dois dias se passaram e ele sabia que ia morrer naquela cama, sem qualquer possibilidade de cura, lembrou-se então da negação do empréstimo àquele senhor e ao leve toque do mesmo em sua mão acompanhado da palavra: "Definhe".
Bala de prata
Correu desabalado para perto da porta da cozinha, não entendeu o que havia visto a pouco, mas sabia o que era e sabia como destruir o maldito, ouviu o piso do andar de cima ranger acompanhado por um forte estrondo, estava descendo as escadas, foi então que viu o brilho assassino no olhar da criatura, nada mais pôde fazer a não ser atirar em seu coração, bala de prata passou fria e ligeira cortando o véu da noite escura, alojou-se e trouxe descanso aos impulsos de carne e sangue da besta.
 

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