terça-feira, 19 de junho de 2012

Dia 6

Vermelho
 
5 horas de uma maldita manhã de sábado, até no fim de semana ele tinha que acordar cedo, que martírio. Levantou-se, escovou os dente, barbeou-se e tomou banho, arrumou-se e criou coragem pra sair de casa, ainda estava clareando mas ele preferiu não ligar os faróis, seguiu na estrada e tentou ir devagar até porque estava no horário, parou numa banca de jornal e comprou o do dia, chegou ao escritório mas não havia ninguém por lá, entrou e chegou a sua sala, ligou o computador e foi à copa fazer café, quando voltou viu que tinta marrom tinha sido espalhada no chão em vários lugares, a maldita reforma estava deixando suas marcas, quando chegou na sala ele percebeu q tinha alguem junto com ele, olhou pra trása tempo de ver a criatura  antes que ela raancasse seu cérebro e deixasse marcas vermelhas no chão.

Diálogo 1

- Bom dia.
- Oi, como vai? A quanto tempo...
- Vou muito bem, e você?
- Nem tão bem sofri um acidente semana passada.
- Sério? Como assim? Você tá bem?
- Tô sim cara, pena que você não pôde ir me visitar no hospital.
- É verdade rapaz, nem tive tempo, sempre tão ocupado com esse trabalho novo.
- Mas você ainda pode me visitar, acabei de me mudar pra um lugar aonde eu sei que vou passar muito tempo.
- Claro que sim, velhos amigos, boa conversa sempre assim, me diz aí aonde você tá morando.
- Ah, é bem perto daqui, Rua das horas n° 257.
- Mas esse não é o endereço do cemitério?
Virou-se para olhar e seu amigo havia sumido.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Dia 5

Carvão

Nunca tinha ido beber no cemitério com a galera, na verdade nem sabia o porque disso,foi somente por que a ruivinha também iria. Algum tempo e várias garrafas de vinho depois, estavam todos prontos para ir embora, não sem antes marcarem a visita numa tumba com um pedaço de carvão, saíram e terminaram a bebedeira em outro lugar. Acordou com o velho gosto de madeira na boca, típico da ressaca, foi até a cozinha, bebeu um copão de água, voltou para se deitar, sua cama estava suja uma mancha preta, as paredes e o teto estavam rabiscadas com uma coisa preta, o chão estava cheio de pedaços da mesma coisa, sabia o que era, sabia por que estava ali, virou-se e foi acertado na cabeça por um abajur, o sangue se misturou ao carvão no piso.

Ferrugem

Conhecia aquele punhal, sabia de tudo o que ele havia feito, ainda assim admirava a peça da coleção de armas de seu pai. Dentre todas as armas, aquela era a que mais gostava, não sabia o motivo, mas alguma coisa o prendia ferozmente àquele punhal. Sabia a quem havia pertencido e isso meio que o assustava, afinal ele acreditava na história do feiticeiro que o possuiu e jogou aquela maldição sobre ele. Nunca o havia tocado, mas seu pai tinha deixado toda a coleção para ele depois da mudança e resolveu que o punhal ficaria em lugar de destaque, pegou o punhal e não resistiu à vontade de desembainhar o mesmo, fez e deslumbrou-se com o brilho da lâmina, maculada apenas por uma pequenina mancha de ferrugem perto da ponta, quando estava colocando na bainha, cortou-se na parte enferrujada, preocupou-se, afinal era ferrugem, mas no fim deixou pra lá. No dia seguinte acordou se sentindo estranho e resolveu tomar um analgésico, quando olhou para a mão, a mesma estava laranja e rígida, começou a sufocar, cuspiu algo que pareceu um pedaço de ferro velho, o sangue acabou por sufocá-lo.

Morcegos

Nada pra fazer naquela maldita cidade, que fim do mundo, preferia mil vezes ter ficado com a avó. "Programa idiota para uma noite idiota", pensou ele ao ouvir aquele convite estúpido pra ir entrar em cavernas, mas era isso ou nada, então foi isso mesmo. Saíram de carro em busca de cavernas, acharam a perfeita pra o que eles queriam, estacionaram e entraram, uma escuridão verdadeiramente cavernosa e a sensação de que alguma coisa não muito boa ia acontecer, entraram e começaram a descer, eram 5, em certo ponto resolveram voltar porque realmente entava impossível ver alguma coisa, como ele era o ultimo da fila virou-se calmamente e começou a andar, estranhou o silêncio atrás dele, certificou-se de que todos estavam lá, subiu o ultimo aclive e estava pra sair quando viu um pequeno morcego passar, saíram todos, ele perguntou qual o problema, ninguem disse nada, sentiu uma pressão no pescoço, seu melhor amigo o havia mordido, foi ali que a sede de sangue começou.

domingo, 4 de março de 2012

Dia 4


Fumaça de cigarro

Odiava aquele cheiro maldito, mas agora sabia que não sentiria nunca mais, maldito cigarro vitimou seu avô e agora seu pai, o enterro tinha sido difícil, os dias posteriores seriam piores com certeza, cuidar da mãe e das irmãs, essa era sua obrigação agora, sentou-se no sofá, estava realmente desesperado, não tinha mais emprego, estavam quase sem dinheiro, e agora? Recostou-se  no sofá e fitou o teto, fechou os olhos por um segundo, de repente aquele cheiro invadiu com força as suas narinas, sentiu uma pressão em seu ombro, não abriu os olhos, a partir daquele momento soube que tudo ia dar certo.

      Gás

Fez a comida, aconchegou-se nas cobertas, ligou a TV e começou a comer o macarrão que havia feito, depois de terminar sentiu um leve odor, será que esqueceu o fogão ligado? Não, sempre tivera muito cuidado com esse tipo de coisa, mas mesmo assim foi verificar, o fogão estava normal assim como a mangueira e o botijão do gás, ficou desconfiado mas voltou para o quarto, estava para começar seu filme favorito, continuou sentindo o cheiro mas imaginou que fosse no vizinho ou em outro lugar,  levantou-se durante os comerciais para ir ao banheiro e então ficou tonto, havia respirado muito gás, olhou perto da porta e viu uma fina mangueira, quem poderia fazer aquilo? Sua ultima visão foi uma pequena faísca perto da janela.

     Couro

Entrou na casa daquele homem e foi direto ao banheiro, não gostava de entrar em casa de estranhos, mas não havia nenhum outro local onde pudesse se aliviar, e recusava-se absolutamente a fazer isso no mato, usou o banheiro e quando, já de saída, procurou o dono da casa para agradecer-lhe, viu uma coisa um tanto quanto perturbadora, um abajur de couro, porém com uma bonita tatuagem de sereia, isso não podia ser outra coisa se não pele humana, mas isso era absurdo, não podia ser, olhou para outro canto e viu uma outra luminária mas desta vez com uma tatuagem única de cavalo, mas era impossível, sua namorada estava no carro, olhou pela janela e até o carro havia sumido, sentiu a pancada em sua cabeça e acabou virando uma luminária.

     Pular corda

Sempre gostara daquela brincadeira, desde muito pequena até sua juventude brincou daquilo que encarava como um verdadeiro exercício físico, quando sua filha completou idade razoável, deu sua antiga corda, a filha pareceu amar o exercício que ela outrora também amou, a única coisa que esqueceu de ensinar à filha foi para não brincar na rua, o motorista não viu a garota, sua mãe ficou arrasada, parou de fazer tudo, entrou em depressão profunda, à beira do desespero total, escutou um característico bater de corda no chão, foi então que teve a coragem necessária para puxar o gatilho.

     Gasolina

Saiu de casa de manhã cedo, tinha que chegar ao trabalho antes do horário, o carro ligou, mas estava quase sem combustível, resolveu que passaria num posto perto de casa, ainda estava escuro, mas postos de gasolina não fecham nunca, estava chegando e viu que o posto estava com todas as suas luzes apagadas, exceto uma, chamou de dentro do carro para ver se algum frentista viria, mas ninguém veio, resolveu entrar, o que viu foi horrível, o frentista com a cabeça esfolada, pisou em algo molhado, alguém lá fora acendeu um isqueiro, queimou junto com a vítima do assalto que deu errado.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Dia 3


Vertigem
Entrou na sala nova com aquele olhar de triunfo que se tem após grande conquista, sua secretária deu-lhe as boas vindas e um grupo de colegas chegou efusivamente para parabenizar-lhe pela promoção, ele sentia-se muito bem, apenas ficou um pouco chateado, sua antiga companheira de sala tinha ficado atrás dele na qualificação para aquele emprego, sentou-se em sua cadeira nova mas logo levantou-se para olhar a vista do 18° andar, não percebeu a janela aberta, pisou em falso e sentiu a mão em suas costas. A empresa agora tem a primeira vice-presidente mulher.
Alguns copos
O bar começava a esvaziar, as pessoas saiam para as festas, mas ele não queria saber de badalação, estava destruído por dentro desde que ela o deixou, sabia que bebida era a única razão, nunca negou seu alcoolismo, mas ela foi tão fria, saiu do bar de madrugada, bêbado e desorientado, no caminho pra casa passou em frente a dela, quis entrar e acabar com a dor que sentia, mas sabia que não teria a mínima coragem para fazer-lhe mal, não queria voltar para casa. Seu corpo foi encontrado por ela pendurado na varanda.
Prole maldita
Eles sabiam o que estavam procurando mas tambem sabiam que não era nem um pouco fácil de encontrar, aqueles malditos caçadores de diamantes tinham arrancado quase tudo das montanhas do norte, mas ainda restava uma esperança, entraram pelo grande veio na rocha, grande o suficiente para caber eles dois, o veio levava a uma pequena caverna, o primeiro a ir sentiu uma coisa esquisita como tecidos passando pela sua cabeça, ignorou, o segundo olhou para cima e mirou uma lanterna, milhares de pares de olhos fitaram a dupla e só o que sobrou foi a lanterna.
Chuva

Saiu tarde aquele dia, tinha ficado trabalhando até depois do horário já que tinha muito trabalho acumulado, entrou no carro um pouco molhado por causa da chuva intermitente, ele parou e pensou para onde iria, decidiu ir num drive thru e depois ia pra casa assistir algum filme de terror, um ótimo programa para uma sexta a noite, parou o carro na garagem, pegou a comida e subiu para o quarto, achou uma das janelas aberta, tinha molhado todo o chão, colocou a cabeça para fora pra ver se havia algo de errado, levantou-se, sentiu as garras entranhando-se nele, caiu morto sob primeira chuva do verão.


Mãos frias

Agasalhou-se, maldito ônibus que não passava, olhou para o lado e não havia ninguém naquela rua, olhou o relógio e já era mais de meia noite, do nada viu aquela moça sentando-se ao seu lado, ela usava uma roupa azul escuro e era muito bonita, ela cumprimentou-o e deu-lhe um sorriso, conversaram e nada do ônibus, ele a perguntou onde morava, ela apontou para um corredor de ruas, ele perguntou se podia deixá-la em casa, ela pegou sua mão, era fria como gelo, ela olhou-o nos olhos e disse que ele iria para casa com ela, levantou-se e ao olhar para trás tudo o que viu foi seu corpo sentado na parada, morto, frio.

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Dia 2


Além do véu
Havia anos que não entrava naquela casa, desde o maldito acidente, ainda se sentia mal e enjoado só de pensar naquilo, olhou acima para a fachada do velho sobrado, permaneceu na calçada, teve certeza de que não reuniria coragem o suficiente para entrar, olhou de novo, na janela do primeiro andar, no lugar fatídico viu o que não podia e acima de tudo não queria acreditar, o sobrado vazio havia tantos anos agora ficava para trás e da janela ele podia vê-la a observar o outro lado, quase como se não soubesse que estava morta. 
Veneno
Desceu para almoçar, como todos os dias, sua esposa esperava na mesa com a comida pronta e um sorriso na cara, não entendeu direito, até onde se lembrava, estavam brigados e ela aparentava um ódio mortal por ele, mas não a culpava por nada disso, afinal dormira com a secretária, disso tinha plena convicção, que ele pisou na bola e que se o casamento acabasse seria culpa sua, sentou na mesa, pegou um jornal jogado no canto, a notícia que viu era terrível, sua secretária havia morrido de maneira horrível, comeu um pedaço de bife, sentiu uma falta de ar, ficou tonto, olhou para sua esposa e ela gargalhava histericamente, morreu numa segunda-feira.
 Beira-mar
Não sabia o motivo daquela ligação tarde da noite e menos ainda o pq de ela querer encontrar com ele na praia, foi mesmo assim, chegou e não viu ninguém, andou um pouco pela orla, observou os movimentos das ondas, de vez em quando escutava um latido meio ao longe, olhava para o relógio mas ela não aparecia, resolveu que ligaria para saber o que aconteceu, tirou o celular do bolso, escutou algo movendo areia atrás dele, virou-se. Seu corpo foi achado por entre as pedras sem uma única gota de sangue na manhã seguinte, foi a ultima vez que a viu.
 Lar
Estava devastado, nunca tinha sido tão difícil fazer alguma coisa, até agora ainda não queria acreditar que a havia perdido, estava triste como nunca havia ficado, o amor de sua vida havia morrido. Chegou em casa, subiu para o quarto, já não pensava direito, adormeceu profundamente, abriu os olhos e na penumbra a viu, sonho maldito! Sentiu a seda fina sob os dedos, olhou para seu relógio que marcava 2 e meia da manhã, olhou de novo e não a viu, não estava sonhando, soube que ela apenas estava voltando pra casa.
 Fome
Noite fria, debaixo dos lençóis, filme bom na TV, pipoca, milk shake, a noite perfeita pra ela, as janelas fechadas do apartamento assoviavam furiosamente por causa do vento que batia com força, foi ao banheiro, voltou pela cozinha pra pegar mais alguns bombons, vidro quebrando na sala, correu pra ver, a droga do galho quebrou outra janela, pensou, virou-se para ir pegar uma vassoura e pá e limpar o vidro, sentiu as unhas rasgando suas tripas, viu o grande focinho arrancar-lhe os intestinos e então acabou-se.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Dia 1

    A velha

Olhou pela janela e viu aquela figura taciturna com sua inconfudível corcunda parada na calçada. Impossível, ele tinha se certificado que ela não respirava mais quando saiu da casa limpando os rastros de sua estadia breve, olhou de novo mais de algum modo a figura sumiu, sentiu um frio na espinha, olhou pra trás, a ultima imagem que viu foi um riso maléfico na cara da velha e o brilho da faca cravada nas costelas.
Passadiço
Andava depressa, a noite estava fria, o chão de ladrilhos na rua úmido pela garoa insistente, ansiava por chegar em casa, estava sozinho em qualquer direção que olhasse, entrou na apertada passagem entre duas casas, atalho que sempre pegava para chegar mais rápido, sentiu uma fungada quente no pescoço, virou-se mas continuava sozinho, um vulto preto o envolveu e não deixou mais do que alguns ossos
Madeira podre
Odiava sair de casa de noite pra ir naquele maldito galpão velho e empoeirado, mas seu pai mandou e não podia desobedecer, entrou à procura da caixa de ferramentas que ele pedira pra consertar a torneira da casa, fazenda idiota, nada funcionava. Revirou uns entulhos procurando a caixa, escutou um arrastar no andar de cima, saiu de baixo do corredor para enxergar direito, mal percebeu quando os olhos vermelhos arrancaram seu coração
Maldição
Sentia-se fraco, não aguentava mais nem o dia de trabalho, achou que fosse por causa do stress, tirou até a semana de folga por isso, mas quando estava em casa continuava piorando, nenhum dos médicos tinha a resposta, nem o especialista de fora sabia o que estava acontecendo, dois dias se passaram e ele sabia que ia morrer naquela cama, sem qualquer possibilidade de cura, lembrou-se então da negação do empréstimo àquele senhor e ao leve toque do mesmo em sua mão acompanhado da palavra: "Definhe".
Bala de prata
Correu desabalado para perto da porta da cozinha, não entendeu o que havia visto a pouco, mas sabia o que era e sabia como destruir o maldito, ouviu o piso do andar de cima ranger acompanhado por um forte estrondo, estava descendo as escadas, foi então que viu o brilho assassino no olhar da criatura, nada mais pôde fazer a não ser atirar em seu coração, bala de prata passou fria e ligeira cortando o véu da noite escura, alojou-se e trouxe descanso aos impulsos de carne e sangue da besta.
 

Com o objetivo de introduzir.

Tudo começou como um pequeno movimento no Facebook, alguns microcontos, alguns comentários, alguns elogios, muitos pedidos de criação do blog, aqui está, em atividade, para todos aqueles que não entendem a dinêmica do microconto, aqui vai uma pequena explicação fornecida por mim e não pela Wikipedia.

Um microconto é uma narrativa minúscula no qual nada é explícito, tudo fica meio que subentendido, você não tem a confirmação dos fatos por parte do autor, você apenas sabe o que acontece, e é livre para imaginar como isso acontece.

Voltando à introdução, o blog funcionará diariamente, postarei cinco microcontos por dia e vocês são livres para comentar, porém, se não gostarem a ponto de querer me xingar, guardem seus comentários e não acessem mais o blog, não que eu não aceite críticas, mas para mim sair xingando um autor amador que apenas quer divulgar seu trabalho é falta de respeito, portanto, aproveitem e deleitem-se com o medo em miniatura.