domingo, 4 de março de 2012

Dia 4


Fumaça de cigarro

Odiava aquele cheiro maldito, mas agora sabia que não sentiria nunca mais, maldito cigarro vitimou seu avô e agora seu pai, o enterro tinha sido difícil, os dias posteriores seriam piores com certeza, cuidar da mãe e das irmãs, essa era sua obrigação agora, sentou-se no sofá, estava realmente desesperado, não tinha mais emprego, estavam quase sem dinheiro, e agora? Recostou-se  no sofá e fitou o teto, fechou os olhos por um segundo, de repente aquele cheiro invadiu com força as suas narinas, sentiu uma pressão em seu ombro, não abriu os olhos, a partir daquele momento soube que tudo ia dar certo.

      Gás

Fez a comida, aconchegou-se nas cobertas, ligou a TV e começou a comer o macarrão que havia feito, depois de terminar sentiu um leve odor, será que esqueceu o fogão ligado? Não, sempre tivera muito cuidado com esse tipo de coisa, mas mesmo assim foi verificar, o fogão estava normal assim como a mangueira e o botijão do gás, ficou desconfiado mas voltou para o quarto, estava para começar seu filme favorito, continuou sentindo o cheiro mas imaginou que fosse no vizinho ou em outro lugar,  levantou-se durante os comerciais para ir ao banheiro e então ficou tonto, havia respirado muito gás, olhou perto da porta e viu uma fina mangueira, quem poderia fazer aquilo? Sua ultima visão foi uma pequena faísca perto da janela.

     Couro

Entrou na casa daquele homem e foi direto ao banheiro, não gostava de entrar em casa de estranhos, mas não havia nenhum outro local onde pudesse se aliviar, e recusava-se absolutamente a fazer isso no mato, usou o banheiro e quando, já de saída, procurou o dono da casa para agradecer-lhe, viu uma coisa um tanto quanto perturbadora, um abajur de couro, porém com uma bonita tatuagem de sereia, isso não podia ser outra coisa se não pele humana, mas isso era absurdo, não podia ser, olhou para outro canto e viu uma outra luminária mas desta vez com uma tatuagem única de cavalo, mas era impossível, sua namorada estava no carro, olhou pela janela e até o carro havia sumido, sentiu a pancada em sua cabeça e acabou virando uma luminária.

     Pular corda

Sempre gostara daquela brincadeira, desde muito pequena até sua juventude brincou daquilo que encarava como um verdadeiro exercício físico, quando sua filha completou idade razoável, deu sua antiga corda, a filha pareceu amar o exercício que ela outrora também amou, a única coisa que esqueceu de ensinar à filha foi para não brincar na rua, o motorista não viu a garota, sua mãe ficou arrasada, parou de fazer tudo, entrou em depressão profunda, à beira do desespero total, escutou um característico bater de corda no chão, foi então que teve a coragem necessária para puxar o gatilho.

     Gasolina

Saiu de casa de manhã cedo, tinha que chegar ao trabalho antes do horário, o carro ligou, mas estava quase sem combustível, resolveu que passaria num posto perto de casa, ainda estava escuro, mas postos de gasolina não fecham nunca, estava chegando e viu que o posto estava com todas as suas luzes apagadas, exceto uma, chamou de dentro do carro para ver se algum frentista viria, mas ninguém veio, resolveu entrar, o que viu foi horrível, o frentista com a cabeça esfolada, pisou em algo molhado, alguém lá fora acendeu um isqueiro, queimou junto com a vítima do assalto que deu errado.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Dia 3


Vertigem
Entrou na sala nova com aquele olhar de triunfo que se tem após grande conquista, sua secretária deu-lhe as boas vindas e um grupo de colegas chegou efusivamente para parabenizar-lhe pela promoção, ele sentia-se muito bem, apenas ficou um pouco chateado, sua antiga companheira de sala tinha ficado atrás dele na qualificação para aquele emprego, sentou-se em sua cadeira nova mas logo levantou-se para olhar a vista do 18° andar, não percebeu a janela aberta, pisou em falso e sentiu a mão em suas costas. A empresa agora tem a primeira vice-presidente mulher.
Alguns copos
O bar começava a esvaziar, as pessoas saiam para as festas, mas ele não queria saber de badalação, estava destruído por dentro desde que ela o deixou, sabia que bebida era a única razão, nunca negou seu alcoolismo, mas ela foi tão fria, saiu do bar de madrugada, bêbado e desorientado, no caminho pra casa passou em frente a dela, quis entrar e acabar com a dor que sentia, mas sabia que não teria a mínima coragem para fazer-lhe mal, não queria voltar para casa. Seu corpo foi encontrado por ela pendurado na varanda.
Prole maldita
Eles sabiam o que estavam procurando mas tambem sabiam que não era nem um pouco fácil de encontrar, aqueles malditos caçadores de diamantes tinham arrancado quase tudo das montanhas do norte, mas ainda restava uma esperança, entraram pelo grande veio na rocha, grande o suficiente para caber eles dois, o veio levava a uma pequena caverna, o primeiro a ir sentiu uma coisa esquisita como tecidos passando pela sua cabeça, ignorou, o segundo olhou para cima e mirou uma lanterna, milhares de pares de olhos fitaram a dupla e só o que sobrou foi a lanterna.
Chuva

Saiu tarde aquele dia, tinha ficado trabalhando até depois do horário já que tinha muito trabalho acumulado, entrou no carro um pouco molhado por causa da chuva intermitente, ele parou e pensou para onde iria, decidiu ir num drive thru e depois ia pra casa assistir algum filme de terror, um ótimo programa para uma sexta a noite, parou o carro na garagem, pegou a comida e subiu para o quarto, achou uma das janelas aberta, tinha molhado todo o chão, colocou a cabeça para fora pra ver se havia algo de errado, levantou-se, sentiu as garras entranhando-se nele, caiu morto sob primeira chuva do verão.


Mãos frias

Agasalhou-se, maldito ônibus que não passava, olhou para o lado e não havia ninguém naquela rua, olhou o relógio e já era mais de meia noite, do nada viu aquela moça sentando-se ao seu lado, ela usava uma roupa azul escuro e era muito bonita, ela cumprimentou-o e deu-lhe um sorriso, conversaram e nada do ônibus, ele a perguntou onde morava, ela apontou para um corredor de ruas, ele perguntou se podia deixá-la em casa, ela pegou sua mão, era fria como gelo, ela olhou-o nos olhos e disse que ele iria para casa com ela, levantou-se e ao olhar para trás tudo o que viu foi seu corpo sentado na parada, morto, frio.